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‘Uma carrinha dessas ia ser bué.’
A Raquel está tão entusiasmada outra vez!... até mete dó, a ingenuidade dela.
Deixá-la sonhar. Faz bem à beleza. À pele.
Eu sei por que ia ser bué.
É que ela descobriu que havia ratos a viver na árvore dela. Daí até partilharem a mesma casa era só o instante de um descuido com uma janela aberta.
Os ratos também têm problemas de habitação, é o que eu acho. É um preconceito, este, o de achar que só nós temos problemas com as casas.
A habitação é um problema global. Até mesmo para as criaturas que consideramos indignas, indesejáveis.
A falta de dinheiro é até um bocado parecida com o veneno de ratos. Acaba connosco. Por isso, qual é a diferença entre nós e os ratos se tendemos todos à condição de sem-abrigos?
Ainda nos deitam veneno, mesmo na sargeta.
A Raquel também descobriu que o plátano estava doente. Tem a doença do barbeiro.
Todos os anos, um bando de homens, nunca se viu mulher metida no assunto, decepam um membro ao plátano.
‘A castração anual do coitado. Deve ser um ritual esquisito, anual, satânico’ – disse-me ela. ‘Devem conseguir libertar algum espírito malvado e dormem assim mais sossegados. E, no outono, sempre gastam menos dinheiro a mandar limpar as folhas mortas.
A Raquel quer saber por que é que não posso sair de casa.
Ela acha que pode haver um boy next door.
Nem sequer lhe vou responder. Ela vai ficar sem saber se é assim ou nem por isso. A dúvida tira a arrogância às pessoas. Vai fazer-lhe bem.
Oficialmente, eu estou a cumprir uma pena de 10 dias sem poder falar com quem quer que seja. Nem mesmo com jornalistas de rádio eu poderei falar.
E, mesmo assim, hoje eu já me aventurei a escrever no blog.
Amanhã, é bem possível que, assim do nada, me veja inibida de comunicar com o mundo por mais uns não sei quantos dias. Só porque me apeteceu vir blogar.
Bolas, Raquel!
Tens que me pagar estes dias de cativeiro.
Mas vou ver filmes.
Não gosto de ratos. Nenhuma diva gosta.
Mas acho piada aos corvos.
Este aqui, por exemplo, tem piada.
Deixa-te lá dos boys next door.
Que às vezes podem ser só ratos.
LA DIVA
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